Comemorando meus 6 meses de viagem em Varanasi

Meu sexto mês de viagem começou nas praias da Tailândia, mais especificamente em Ko Phi Phi e terminou em Varanasi, na Índia. Nem preciso falar que foi um mês especial, né?

Num dos meus momentos reflexivos em Varanasi, sentada na beira do rio Ganges, olhando toda aquela cena ao meu redor, pessoas se banhando no rio (e bebendo aquela água!), corpos chegando para serem cremados, outros já em cinzas, aqueles anciões com vestes simples que parecem apenas um pano enrolado, vacas (não consigo esquecer das vacas), búfalos, cachorros, macacos e barraquinhas de masala chai, fiquei recapitulando o que me levou até ali. Um lugar super  longe de casa, com uma cultura tão diferente e uma cena ao redor que parecia de filme. E quando eu chegava numa resposta, eu me perguntava de novo, mas por quê?, mas por quê?, até chegar no que eu chamo da “causa raíz” de tudo isso que estou vivendo.

Minha causa-raiz se chama família. Minha causa raiz é toda a educação que meus pais me deram tanto no que diz respeito as oportunidades de estudo (lá em casa a gente não viajava de férias, mas meu pai pagava curso de inglês e comprava livros), tanto na educação como ser humano, baseada em muita fé em Deus,  muito amor e  respeito ao próximo. Sem esta sementinha, eu não teria chego até aqui. E meu sentimento nestes 6 meses é de um coração transbordando de gratidão de ser filha de que eu sou. Mesmo que isso possa parecer clichê e repetitivo.

Tudo isso que estou vivendo é uma das melhores oportunidades que alguém pode ter na vida, é realmente transformador, parece que minha cabeça foi aberta a forceps e eu ainda tenho dificuldades de abrir totalmente os olhos diante de tanta coisa nova. Eu sei que sou uma mega de uma privilegiada em vários sentidos. E o que eu posso sentir de tudo isso? Gratidão.

Sinto gratidão por todas as pessoas maravilhosas que estão cruzando meu caminho. Algumas vezes, pessoas de culturas tão diferentes, que me mostram que a nossa essência como ser humano é igual, independe de que país ou cultura em que vivemos. E que o que todo mundo busca é Amor. Estas pessoas estão ensinando meu coração que se despedir faz parte, que a gente deixa parte da gente por onde passa e leva junto outra parte daqueles queridos que ficam (ou que seguem também!). Que não basta ter desapego material, é preciso ter desapego humano. Aceitar a impermanência da vida, o ir e vir das coisas e das pessoas.

Sinto gratidão pela oportunidade que estou tendo de conhecer a cultura de novos países, aprender mais sobre o passado da humanidade, o que isso impacta até hoje na nossa civilização. Tenho aprendido  que o mundo é muito maior do que a gente vê TV ou lê na revistas (jornais e internet). Que o mundo é muito maior do que nossos problemas pessoais ou mesmo do que os problemas dentro do território geográfico do nosso país. No fim, está tudo junto, misturado. É reação em cadeia.

Sinto gratidão pelo meu lado espiritual que vem me mostrando a cada dia que realmente existe muito mais mistério entre o céu e a terra do que sou capaz de entender. E que tem horas que não tem razão, não tem lógica. A única saída é se conectar com Deus, dar a mão para o anjo da guarda e seguir o coração.

Enfim, sinto gratidão por ter tido coragem de ter me jogado nessa aventura enquanto todas a evidências externas me indicavam que era melhor eu ficar onde eu estava (bom trabalho, vida estável, país em crise, etc., etc.). Sinceramente, se eu soubesse em detalhes tudo que eu iria ter que lidar na minha aventura, acho que repensaria, que escolheria algo mais fácil e confortável (um intercâmbio num país de primeiro mundo, talvez). Mas por outro lado, perderia a oportunidade incrível que estou vivendo. Gratidão pela minha ignorância!

E que venham mais 6 meses!

10 Comments Comemorando meus 6 meses de viagem em Varanasi

  1. Mariana Fischer 1 de abril de 2016 at 09:02

    Que lindo texto, que linda experiência e que sorte a minha de encontrar uma pessoa como você na vida. Gratidão <3

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    1. Camilla Albani 4 de abril de 2016 at 23:15

      vem com essa não Mari! a sorte é TODA minha de ter encontrado…nem nos esbarramos pessoalmente ainda, mas já deu para sacar que bateu aquela afinidade, né, MANA? heheheh beijokas!!!!

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  2. Suzana 2 de abril de 2016 at 13:20

    ADOREI, DE TODOS OS TEXTOS QUE VOCÊ ESCREVEU, PERDI ALGUNS, PORQUE AINDA ESTOU NA MINHA VIDA : bom trabalho, nada saudável, rsrsr, UM DIA TAMBÉM FAREI ALGO… E TAMBÉM SOU GRATA POR ISSO MAS ACHEI FANTÁSTICO VOCÊ FALAR QUE SEU PAI COMPRAVA LIVROS E PAGAVA O CURSO DE INGLÊS E AÍ PENSEI: TANTOS PAIS ACHANDO QUE TEM A OBRIGAÇÃO DE MOSTRAR AOS OUTROS QUE PODEM LEVAR OS FILHOS PARA A DISNEY; EU ADORO A DISNEY, MAS CONCORDO PLENAMENTE COM VC SOBRE EDUCAÇÃO DOS PAIS, VEJO MUITOS EDUCANDO PARA O TER E NÃO PARA O SER. PARABÉNS, GRANDE MENNA.

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    1. Camilla Albani 4 de abril de 2016 at 23:13

      obrigada Su! Realmente não só os pais, mas nós mesmos se não estivermos atentas acabamos entrando no círculo do TER e não do SER. Obrigada pelo carinho lendo os textos…eu sempre acho que não ficou bom (sou daquelas que anda com o chicote na mão) e fico muito feliz quando recebo recadinhos que as pessoas realmente gostaram. Beijos

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  3. Sueli Alves da Costa 3 de abril de 2016 at 01:44

    Camila,
    É fantástica essa sua vivência! É muita coragem por o pé na estrada com as boas condições de vida que tinha no aconchego familiar, amigos, emprego e tudo mais. Porém, vejo você hoje muito mais rica! Uma riqueza imensurável, imaterial, muito espiritual que deve ter transformado o seu interior. Gostaria de ter a chance de conversar com você, sem pressa, um tempo depois da sua volta, quando já estiverem consolidados todos os sentimentos experimentados nessa viagem. Quem sabe, um dia isto acontece. Que sua caminhada seja amparada pelos Anjos e sempre de mãos dadas com o Senhor! Um beijo no coração!

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    1. Camilla Albani 4 de abril de 2016 at 23:11

      Oi Sueli!!! Eu tenho que admitir que eu sinto MUITA falta do aconchego de um lar…rs…mas eu penso que vou ter muito tempo para isso, e essa experiência atual é única na vida. Não tenho dúvidas que vamos sentar para papear na minha volta. Você é daquelas pessoas que tem uma energia que me faz bem 🙂 Sempre falei isso para a Lú depois das poucas vezes que nos encontramos. beijokas!

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  4. Ana Carla 5 de abril de 2016 at 06:39

    Parabéns pelos seis meses Camilla!!! Daqui de fora fico na perspectiva do crescimento. Você vivenciando e o ar é de tudo perfeitamente planejado. E você vem com um Gratidão pela ignorância… Que lindo!!! Te admiro cada vez mais, privilégio por fazer parte de alguma forma dessa imersão…

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    1. Camilla Albani 19 de abril de 2016 at 10:45

      o planejamento anda me passando a perna nessa trip, viu! rsrsrs beijokas

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  5. Adriana 8 de abril de 2016 at 14:34

    Ai Camila, como tenho “inveja” da sua situação….acredito que, nesta viagem, que é mais interior do que exterior, você está tendo a oportunidade de descobrir o seu propósito de vida, aquilo que, daqui pra frente, em qualquer lugar que esteja, dará sentido a cada minuto da sua existência. Beijos

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    1. Camilla Albani 19 de abril de 2016 at 10:42

      oi Dri! Com certeza a oportunidade é única, estou aprendendo coisas de dentro e de fora também que é para levar para a vida toda 🙂 beijokas

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