Eis que chega os 5 meses de Asas&Raizes. Eu ando com um mix de emoções dentro do peito, parece que algumas cortinas começam a se abrir, a fumaça a se dissipar e começo a realmente me dar conta da experiência incrível que estou vivendo. Dentre tantas coisas que teria para contar aqui, decidi falar sobre algumas descobertas recentes, de como funciona a minha mente e talvez a sua também.
Quando cheguei na Ásia e comecei a pesquisar como ir de uma cidade para outra, sempre olhava as opções de ônibus e avião. Claro que o “buzão vip” sempre ganhava. Depois de horas de viagem, quando chegava quebrada no meu destino, conversava com outros mochileiros e descobria que a maioria tinha chegado até ali de trem. De trem? E a brazuca nem tinha considerando o trem como opção.
Um dia caiu a ficha.
Como no Brasil nós não temos trens e quando tem é aquela visão do inferno de precariedade, minha mente sempre descartava automaticamente esta alternativa. Trem para mim era coisa de país desenvolvido na Zoropa ou o Shinkansen japonês. Fiquei muito tempo pensando sobre isso, meio intrigada, me perguntando quantas possibilidades (seja de transporte, comida, comportamento ou idéias) que minha mente não coloca no radar pois fica rodando em círculos dentro do que já é conhecido.
Tenho feito muitas descobertas e me permitido fazer diferente. Olho para dentro, olho para fora, olho ao redor, e um novo mundo começa a se abrir.
Quando estamos vivendo dentro do que estamos acostumados, na famosa zona de conforto, acho que é extremamente difícil enxergar como alguns sentimentos, sensações e crenças estão impregnados no nosso ser. Eu já comentei aqui sobre como minha relação com o tempo é complicada e sempre julguei ser culpa do trabalho, da vida corrida de São Paulo. Entretanto, continuo enxergá-los aqui comigo, no meu ano sabático, que teoricamente eu tenho tempo de sobra, sem grandes preocupações. Mas não importa, romper um comportamento adquirido por anos e anos não é tarefa fácil.
Um desses sentimentos que descobri também impregnado em mim é o de insegurança. No meu último ano em SP, eu já apresentava alguns sinais de pânico. Ficava tensa no trânsito, deixava de ir em alguns lugares a noite com medo de ser assaltada ou coisa pior. E eu nunca imaginei que essa sensação estava tão presente comigo independente de onde eu estivesse. Mesmo com o incidente da minha bolsa no Cambodia, 99% dos lugares que passei são realmente seguros. Austrália, Nova Zelândia e Japão dispensam comentários, mas mesmo aqui na Ásia posso dizer que até agora todos os lugares foram bem tranquilos.
E esta minha ficha caiu nas praias de Ko Phi Phi. Como estava sozinha, eu sempre ficava naquele dilema de onde deixar minha mochila para entrar no mar (e se rolasse um arrastão, né?). Então, comecei a usar a tática de procurar uma menina sozinha ou um casal, jogar minha canga na areia dentro do campo de visão deles e na hora de dar um tibummmm, eu pedia super despretensiosamente se eles podiam dar uma olhada na minha mochila. Nem imaginavam que aquela ação foi totalmente premeditada quando escolhi onde ficar na praia. A pessoa sempre me dizia “sure”, “no worries” e eu sentia um olhar do tipo “de onde saiu essa garota?”.
No meu trabalho observatório, esticada na areia, eu constatei que ninguém ficava preocupado com suas coisas, todo mundo largava a mochila sozinha na areia para ir no mar. Vi muitos casais ficando um tempão no mar, sem ficar olhando a cada 5 segundos para checar se as suas coisas estavam lá, como eu sempre fazia mesmo se já tinha pedido para alguém ficar de olho.
Abrir o ângulo de visão, enxergar novas possibilidades, tentar ajustar meus sentimentos conforme o ambiente que estou e não conforme aquele que sempre vivi é um dos desafios da minha viagem. Estou grata que agora, com 5 meses de mochila nas costas, esta tarefa está cada dia mais fácil.
Já viajei de trem na Tailândia (e amei!), mas continuo com um olho no mar e outro na minha mochila sempre que vou dar um tibummmm.
Beijos direto de Koh Lanta, onde estou aprendendo que tardes inúteis largateando na areia pode ser muito bom e eu não preciso me sentir útil e produtiva todo o tempo do mundo.
Ca!! Que delícia de notícia! Sabe que ontem eu e o Manu comentamos o quanto ficamos felizes ao ver sua foto e o comentário que você deixou de coração. Que bom que você está curtindo e agora a ficha está caindo mesmo!
É algo incrível mesmo e cada dia é uma descoberta. De fato, é difícil dar um mergulho sem olhar a mochila, mas ao mesmo tempo é bom experimentar outros modais de transporte! Uma coisa de cada vez, um dia de cada vez. Cada viagem é uma viagem e cada lugar é um lugar. E mesmo viajando juntos e compartilhando percepções aposto que eu e o Manu temos sentimentos diferentes dentro da mesma viagem 🙂
Que os próximos 5 meses sejam tão maravilhosos quanto estes e que as descobertas continuem por aí!
Saiba que nós também vibramos com suas conquistas e suas descobertas!
Um beijo grande
Sim Dri! Agora que a ficha começou a cair e estou curtindo mais e mais…
Muito feliz de ter vc e o Manu comigo nessa viagem, como eu viajei com vocês!
Beijos Grande
O que posso dizer???
Aprendizado Camilla, aprendizado…
Quantas edições, quanto desprendimento…
Quanto apuro de olhar.
É um renascimento. Que benção!!!
Gratidão pelo nosso encontro no Jalapão me proporcionar ver essa sua vivência. Tão próximas, sua experiência como pessoa já ultrapassou os lugares que você conhece. E isso é muito lindo e recompensador. Voa, voa amiga!!! Receba meu abraço. Bjs!
Como disse uma amiga aqui outro dia, “nada acontece por acaso, tudo tem uma razão”. Beijos, Beijos
Que beleza!!…
Sim sim trazemos consigo uma cultura do lugar onde viveu, assim esse comportamento paulista preocupado, denota como temos vivido nessa louca cidade…kkkkkk….
Que seja mais e mais, muito mais experiências como essa… 🙂
bjos, Luciano. (peninhageo)
Sim Luciano! Ainda tenho muita aventura (e aprendizados) pela frente 🙂
Bjs