Sem dúvida alguma, meu overland na África era um momento muito esperado da viagem. Meu querido Tobi, apelido carinhoso para o meu medo, tinha um pergaminho de restrições para esta aventura. Começando pelas minhas crises alérgicas a picada de inseto, pelo risco de contrair malária indo até a possiblidade de encontrar um leão no banheiro do camping. O Tobi é muito criativo. Mas hoje ele teve que concordar comigo que foi muito mais tranquilo que imaginavámos, deixando eventuais frescuras de lado (como querer tomar banho todo dia!), sobrevivemos juntos a estes 25 dias de overland, começando em Johannesburg (South Africa), passando por Zimbabwe, Zambia, Botswana, Namibia e finalizando novamente em South Africa, na cidade de Capetown.
Afinal, o que é um overland? É um tour por terra que você cruza longas distâncias num tipo de um caminhão adaptado que comporta 24 pessoas e mais tudo o que você sonha, pensa e imagina, como barraca, colchão, mesa, cadeira, fogão e por aí vai. No meu tour tinhamos 2 guias, que faziam de tudo, dirigiam, cozinhavam maravilhosamente e nos acompanhavam nos lugares turísticos. Gente muito do bem.
E claro que nós, os passageiros, tínhamos nossas tarefas. Além das atividades individuais como montar sua própria barraca e lavar sua louça, éramos divididos em grupos e a cada dia tinhamos uma função: ajudar cozinhar, empacotar/desempacotar a tralha toda, lavar a louça geral e limpar o caminhão.
Eu cheguei na África para este overland com as expectativas nas alturas quanto ao grupo. Depois da minha viagem na Índia onde fiz amigos incríveis no tour, eu não esperava nada menos para este quase um mês de aventura pelas savanas africanas. Mas infelizmente, isso não aconteceu. Não rolou uma afinidade, não dei match com a turma. Acho que tenho minha parcela de “culpa”, pois saí do retiro de meditação um pouquinho mais introspectiva e não estava muito a fim de fazer tudo com o grupo, precisava de meu tempo sozinha, o que para alguns pode parecer que sou um pouco antipática. Mas o que pegou mesmo, foi que eu não dei muita atenção para uma observação importante quando reservei este tour, que a idade máxima era de 39 anos. Enfim, eu a era a tia do grupo (a única que se preocupava em colocar o cinto de segurança). Claro que eu sei que esta coisa de velha e novo são apenas palavras, mas eu sou meio véia mesmo e me dou muito melhor com gente mais velha que eu, sempre fui assim.
Então, nestes longos dias, por mais que eu estivesse sempre rodeada de pessoas, com certeza foi o período que mais me senti sozinha durante a viagem. No começo foi meio triste, meio estranho, já que usualmente sou a miss simpatia para fazer novos amigos. Mas depois vi o lado bom da coisa, que poderia usar estes dias para ficar mais comigo, fazer o que eu quisesse sem me preocupar em agradar ninguém. E foi bom a beça.
Quando eu saí do Brasil, eu disse que uma das coisas que eu buscava nesta jornada era ser uma pessoa mais fácil de conviver, porém acho que o efeito está oposto, pois hoje falo mais não e menos sim, e fico integralmente do meu lado, o que pode não ser tão confortavél para quem está por perto. Mas no fim faz um bem danado para todo mundo, pode acreditar.
Neste momento mais eu e eu, tive a oportunidade de ver grandes espetáculos da mãe naturaleza. Teve arco-íris, nascer da lua cheia (!!!), inúmeros pores-do-sol , e claro, a chance de espiar os animais em seu habitat natural. Ocorreram algumas situações que eu quase achei que estava no sofá de casa assistindo ao Discovery Channel, até cair a ficha que tudo aquilo era real.
Uma coisa que ficou faltando para mim nestes dias de overland foi um contato mais próximo com a população local. Quando está tudo organizado por um tour, você não precisa se virar nos trinta para descobrir como as coisas funcionam naquele ambiente e perde a incrível oportunidade de conversar com as pessoas nas ruas. São vários prós e contras entre fazer uma viagem organizada e uma independente, mas para percorrer a distância que percorri, acho que fiz uma boa opção.
Enfim, estes dias foram aqueles que quando eu olhar para trás, não vou acreditar que vi o que vi nem que vivi o que vivi.
Obrigada África, nos veremos de novo algumas vezes, pode ter certeza!
Que delícia de texto!!
Quantas experiências!
Obrigada!!! 🙂 beijus
obrigada amiga! bjkas
Sempre maravilhoso de ler!
Valeu por dividir esse texto, como um presentão pra gente, e de graça.
E tenho uma manifestação contrária à uma passagem do texto: de véia vc não tem é nada!!!! 🙂
Demais!
Beijão!
hehehe tenho sim! sou uma velhinha meio moderna! Bjs
Olá!
Obrigada por compartilhar suas experiências. Cheguei ao seu blog por meio de um link no site do Projeto Viravolta. Li todos os seus posts de uma vez, identifiquei-me com muitas das suas narrações e medos. Gosto de ver o seu testemunho porque ele é muito pessoal e fala de coisas muito reais pra mim, me aproxima do meu desejo e me afasta o meu “Tob”.
Estou estagnada, meu momento profissional é ruim e a crise financeira aqui no Brasil tem me feito pensar em ir conferir o mundo com meus próprios olhos, como você diz, para, ao voltar viver de outra forma.
O momento estou entre a vontade de imensa de cair no mundo e o dilema de oferecer estabilidade para a minha filha que acabou de completar 7 anos e ama a escola e os amigos. Meu marido também está encantado com a ideia de partir (menos do que eu e sem que a Índia entre no roteiro).
Por hora, pesquisando e lendo tudo a respeito.
Oi Jackelene!
Que legal que vc curte o blog, fico feliz!
Então, realmente a decisão de viajar a longo prazo é bem difícil, ainda mais quando se tem filhos, eu te entendo. Eu sou muito realista, e vejo prós e contras. Estou amando minha viagem mas te digo que se eu fosse planejar hoje faria muita coisa diferente. Se quiser tirar alguma dúvida específica, ou se eu puder te ajudar de alguma forma, conte comigo! Bjs Camilla
Que bom, mais um post, estava esperando por mais aventuras suas. Que momento bacana, viva-o da melhor forma que puder, como dizia o poeta “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Então, tenho muitas dúvidas e tenho encontrado pouca coisa sobre quem viaja com um filho só. Parece que ter mais de um filho é mais comum entre as famílias viajantes. Quando se tem um irmão é mais fácil compartilhar as experiências, estou pesquisando sobre isso, então se souber de algum site, blog, perfil de redes sociais de quem tem filho único e está em viagem ajudaria muito.
Abração!